Nosso grande poeta escreveu que o indivíduo que teve a ideia de fatiar o tempo dando-lhe o nome de ano, foi certamente um sujeito de grande genialidade; pois desse modo:
“Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.”
Gostando, ou não, da reflexão nada romântica do grande Drummond, o fato é que estamos finalizando 2010 e caminhando para um novo ano. É um momento em que, em consenso com esta ideia de termino de um período, procuramos dar um caráter de finalização, quando não, encerrar definitivamente várias atividades da nossa vida.
Foi neste espírito, que na quarta-feira [15/12] realizamos o último encontro do ano do GEEPATHI. Na produtiva reunião, que foi a VI do grupo, discutimos o texto “O conceito de prova em Carlo Ginzburg”, que se encontra postado aqui no Blog.
A discussão se desenrolou de forma a refletirmos e debatermos de maneira intensa questões relacionadas a cientificidade da História, a relação entre História e Literatura, o pós-modernismo, a ideia de representação, e uma serie de outras questões referentes a Teoria da História.
Não apenas este, mas todos os encontros realizados neste ano, foram bastante produtivos e inquietantes, abordando temas que desafiaram os participantes do grupo a buscar conhecer mais a fundo, não somente questões epistemológicas e metodológicas referentes a disciplina História; mas a produção historiográfica de grandes historiadores do século XX, sobretudo, a do inglês E.P.Thompson.
Fora assim, que no primeiro encontro nós discutimos acerca do “Por que dialogar com E.P. Thompson?”, e nas duas reuniões seguintes, refletirmos sobre “Quem foi Edward Thompson” e a importante relação que existiu nesse historiador entre teoria e práxis, através do estudo do livro “E.P.Thompson objeções e oposições”, de Brayn D. Palmer.
No quarto encontro, intitulado “Thompson e a nova historia social inglesa”, pudemos através da leitura de textos de Eric Hobsbawm e Alexandra Schüller, conhecer melhor sobre essa importante vertente historiográfica, que foi de fundamental importância para a renovação da historiografia e do próprio marxismo no século XX.
Seguindo essa linha, o quinto encontro teve como objetivo entender “O que é materialismo histórico?”, essa ferramenta de interpretação teórica legada por Karl Marx, que foi utilizada de maneira fecunda e renovada por E.P.Thompson em sua produção historiográfica.
Para além de Thompson, uma série de outros grandes intelectuais, como Marc Bloch, Perry Anderson, Clifford Geertz, Raymond Williams, Eric Hobsbawm, Roger Chartier, José Carlos Reis, Walter Benjamim, Giovane Levi e Carlo Ginzburg, foram citados, sendo quando possível – como no caso do italiano Ginzburg – discutidos de maneira mais específica.
Assim, chegamos ao fim de um ciclo de discussões, certos de que aprendemos muito. E o mais importante, trazendo um conjunto de interrogações maiores ainda e a forte convicção da necessidade de estudarmos com muito mais afinco não apenas a produção historiográfica de E.P.Thompson, mas o campo da historiografia como um todo.